[...] Pensava eu que sabia,
Pensava talvez que eu era uma criatura que atura dentro de um corpo o volume do vazio, feito apenas de imagem e ação, de cálcio e carbono, de átomos atônitos, elétrons quantificados,
Pele, ossos, carnes, unhas, e as mãos a cabeça para pensar no que sou eu.[...]Eu sou! Sou quem mereço ser dentro de nós, de vós, deles e delas.
Sou vós! Quem e o que mais eu posso ser a não ser vós?[...]Mais eu sou! Sou celulose imprensada, com alguns rabiscos de tinta nanquim, texto feito apenas por mim, e mais ninguém.
Sou escritos vivos, andantes, arquétipos pulsantes, criado por deus sabe-se lá o que é mais eu. Ser o poema sem fim, a força erronia de se escrever, a tentativa de ser o que não sou
Em folhas brancas e árvores verdes em papel machê e vegetal, é o que eu sou. Ser literatura contemporânea é o que faz eu ser é, e eu sou, e agora me sinto sendo, acendo-me, escrevendo.
E depois de sentir-me o que eu sou, sabendo que eu nada era antes das palavras, pergunto para vós que soa dentro aqui do eu. Quem é vós?
trecho do poema: Quem eu sou ? - 09 de Janeiro de 2010.
Autoria: Cecílio Purcino