terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A erva mais amarga

de Cecílio Purcino

A cuia está pronta sobre o banco da praça.
Eu a olho e apego!
A água quente, derrama sobre a
Erva das lembranças
E a noite, está fria como
Nunca estivera antes.

Então levo a bomba à boca
Para dar o primeiro gole,
(para dar todos os goles)
A garganta se esquenta enquanto
O gosto amargo da erva invade o peito
E em silêncio o caração se exprime.

O casaco de linho ganhado, aquece os braços,
Aperta o corpo, aperta a alma.
Desejo inenarrável de engolir
O passado escaldado na boca
E de não travá-lo nos dentes.

A brisa fria bate no rosto e
A garganta se esquenta novamente
E então, eis que me vem uma simples pergunta:
Porque esse ar que bateu na minha cara foi tão frio?
(“há perguntas que não merece respostas, apenas sentirmos”)
Sentir-me frio? Jamais!

Ops! Agora foi a língua que queimou,
Com a água quente que aquece apenas
A garganta e nao mais o coração.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Um pequeno Beija Flor

de Cecílio Purcino

Na Europa, não diferente do meu Brasil,
Há cravos, rosas e muitas flores.

E essas, as flores, há de todas
As formas, gêneros e tamanhos.
De pétalas brancas, amarelas e rosadas
Com ver de olhos, azuis e castanhos.
(Mas sempre lisas)
Na Europa, não há tricoma nas flores
E seus corpos são feitos de carne.

Algumas são endêmicas da França
Outras da Itália e muitas são da Alemanha,
Mas uma coisa não há de se
Queixar e nem de ter dúvidas.
Todas são belas.

E por isso,
Todos os dias, com o passar do tempo,
Eu tenho me deparado cada vez mais
Com uma verdade irrefutável,
Como a pureza de um só diamante.

Eu tenho me transformado em
Um pequeno Beija flor.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Parabéns Inês

de Cecílio Purcino

Azul, verde, amarelo, laranja.
Essas são as cores do arco-íris
Formado de balões no varal
Entre duas palmeiras.

As pessoas sentadas no gramado
Os salgados, os doces as bebidas,
Tudo isso era o que marcava,
Uma data,
Uma emoção,
Uma serenata.

Era dia de paz,
Não tinha chuvas em lágrimas
Nem desgosto em outono,
Eram apenas sorrisos em
Um dia comum de verão.
O sol lá em cima,
A música ao meio
E o gramado verde.

Era alguém ficando mais velho
Era a experiência se plantando na Terra.
Era dia de azul, era dia de ver,
Era dia de amarelo, era dia de nascer.

E no fundo do horizonte
Entre duas palmeiras
Estava escrito:
Parabéns Inês.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Uma garrafa vazia

De Cecílio Purcino

Uma rolha, "Muralhas de Monção"
Tampa a garrafa de vinho
Que esta sobre a mesa de jantar.

A garrafa, ali, imóvel sobre
A luz da lua, já não lhe cabe
Mais nada.
Nada mais.
Não tem sumo,
Não tem vinho,
Só sangue talvez.

Tudo já foi bebido, provado
E jogado fora...

Lá dentro da garrafa
apenas o ar,
Aquele mesmo daqui fora.

E lá dentro,aprisionado pela rolha
O ar briga
Com todas as forças da natureza.

Um dia, o tempo acabará com a rolha,
Acabará com o vidro, acabará com tudo,
E o ar que está lá dentro da garrafa se
Libertará tornado tufão
E soará livrimente pelo espaço que tanto busca.

Oh! E disso é que já me sabia,
Desdo do primeiro momento que comprei a garrafa,
Desde o primeiro momento que consumi o vinho e
Desde o momento que vi.

Que o ar estava sufocado
Dentro da garrafa tampada pela rolha
"Muralhas de Monção".

Vasto, rastro

De Cecílio Purcino

Levantei,
No banco ficou:
Meu vasto, meu rastro.

Caminhei, corri
cansei...
Agora chego em casa
E durmo.

É so fechar os olhos para o mundo.

Tinta pobre

De Cecílio Purcino

Acho que por hoje é só!
Dessa caneta não sai mais nada.
Nem letras, nem sílabas, nem palavras,
Nem frases, nem orações.
Nem versos, nem estrofes, parágrafos
Nem canções.

Não sai mais nada,
Apenas a vontade de querer expressar
Algo que ainda a tinta não consegue
Escrever no papel.

O outro lado bom

De Cecílio Purcino
adaptação de uma frase já vista

Existe dois lado!
O lado Bom e o outro lado.
Que lado é esse? O filho pergunta pra mãe.
O lado BOM e o lado MOB!
O menino fica com a cabeça
A ver sinais de interrogação.

A mãe percebe e retruca:
Qualquer lado que escolher será
uma boa escolha.
Dependerá de como você vê as coisas.