quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Parabéns Inês

de Cecílio Purcino

Azul, verde, amarelo, laranja.
Essas são as cores do arco-íris
Formado de balões no varal
Entre duas palmeiras.

As pessoas sentadas no gramado
Os salgados, os doces as bebidas,
Tudo isso era o que marcava,
Uma data,
Uma emoção,
Uma serenata.

Era dia de paz,
Não tinha chuvas em lágrimas
Nem desgosto em outono,
Eram apenas sorrisos em
Um dia comum de verão.
O sol lá em cima,
A música ao meio
E o gramado verde.

Era alguém ficando mais velho
Era a experiência se plantando na Terra.
Era dia de azul, era dia de ver,
Era dia de amarelo, era dia de nascer.

E no fundo do horizonte
Entre duas palmeiras
Estava escrito:
Parabéns Inês.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Uma garrafa vazia

De Cecílio Purcino

Uma rolha, "Muralhas de Monção"
Tampa a garrafa de vinho
Que esta sobre a mesa de jantar.

A garrafa, ali, imóvel sobre
A luz da lua, já não lhe cabe
Mais nada.
Nada mais.
Não tem sumo,
Não tem vinho,
Só sangue talvez.

Tudo já foi bebido, provado
E jogado fora...

Lá dentro da garrafa
apenas o ar,
Aquele mesmo daqui fora.

E lá dentro,aprisionado pela rolha
O ar briga
Com todas as forças da natureza.

Um dia, o tempo acabará com a rolha,
Acabará com o vidro, acabará com tudo,
E o ar que está lá dentro da garrafa se
Libertará tornado tufão
E soará livrimente pelo espaço que tanto busca.

Oh! E disso é que já me sabia,
Desdo do primeiro momento que comprei a garrafa,
Desde o primeiro momento que consumi o vinho e
Desde o momento que vi.

Que o ar estava sufocado
Dentro da garrafa tampada pela rolha
"Muralhas de Monção".

Vasto, rastro

De Cecílio Purcino

Levantei,
No banco ficou:
Meu vasto, meu rastro.

Caminhei, corri
cansei...
Agora chego em casa
E durmo.

É so fechar os olhos para o mundo.

Tinta pobre

De Cecílio Purcino

Acho que por hoje é só!
Dessa caneta não sai mais nada.
Nem letras, nem sílabas, nem palavras,
Nem frases, nem orações.
Nem versos, nem estrofes, parágrafos
Nem canções.

Não sai mais nada,
Apenas a vontade de querer expressar
Algo que ainda a tinta não consegue
Escrever no papel.

O outro lado bom

De Cecílio Purcino
adaptação de uma frase já vista

Existe dois lado!
O lado Bom e o outro lado.
Que lado é esse? O filho pergunta pra mãe.
O lado BOM e o lado MOB!
O menino fica com a cabeça
A ver sinais de interrogação.

A mãe percebe e retruca:
Qualquer lado que escolher será
uma boa escolha.
Dependerá de como você vê as coisas.

Noite longa

De Cecílio Purcino

Daqui meus olhos veêm:
Dois homens se beijando,
Uma mulher pedindo esmolas
E um casal caminhando.

O que mais meus olhos veêm?
Depois disso, somente
Um céu sem estrelas
E as lágrimas no chão.

Poema borrado

De Cecílio Purcino

Hoje chorei!
Chorei feito menino carente,
Sem papel noel e sem presente.
Sentei no banco da praça de Lisboa
E chorei!
Chorei; chorei; chorei
Chorei, Mas chorei
Tanto,tanto, tanto,
Que as lágrimas acabaram
Manchando as letras desse poema.

Agora! terei que fazer outro.

Dias normais

de Cecílio Purcino

Me lembro de ter passado
Por essa rua esses dias.
Tudo estava como esta agora,
Calmo como uma lembrança.

As pessoas nas ruas,
Crianças correndo,
E os idosos a reclamar
Do irreclamável.

Nos bancos,
Beijos soltavam seus estalos,
Nos gramados,
O violão acompanhava os jovens.

Éh! pelo que vejo, aqui em Portugal
todo dia é assim:
Tudo muito tranquilo e sereno.
Menos o meu coração abrazado
pela saudade dos ares
que no Brasil deixei.

Arrebenta pulmão de carne osso
Que não quer parar de respirar.

A ação do verbo

de Cecílio Purcino

Ontem passei por essa praça
e estava sem palavras na boca,
nos olhos e nos ouvidos.
Apenas na ponta da pena e
no verso do papel.

Hoje, elas saltaram dos olhos,
Passaram pelos ouvidos
E sairam pela boca.

Era a vontade de verbalizar a ação:
Te quero, Te quero, Te quero

A distração da noite

de Cecílio Purcino

A bola quica, quica a bola
E a bola quica.
E sem perceber , ela passa
Pra lá e pra cá a quatro pés,
E ao longe,junto a bola
Meu olhar compenetrado,
Lá no fundo no horizonte escuro
Da praça,percebe apenas isto.

Três rapazes, um é o bobo,
E no chão, a bola que quica,
Rola e quica, por debaixo dos
Olhos do mundo.