terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A erva mais amarga

de Cecílio Purcino

A cuia está pronta sobre o banco da praça.
Eu a olho e apego!
A água quente, derrama sobre a
Erva das lembranças
E a noite, está fria como
Nunca estivera antes.

Então levo a bomba à boca
Para dar o primeiro gole,
(para dar todos os goles)
A garganta se esquenta enquanto
O gosto amargo da erva invade o peito
E em silêncio o caração se exprime.

O casaco de linho ganhado, aquece os braços,
Aperta o corpo, aperta a alma.
Desejo inenarrável de engolir
O passado escaldado na boca
E de não travá-lo nos dentes.

A brisa fria bate no rosto e
A garganta se esquenta novamente
E então, eis que me vem uma simples pergunta:
Porque esse ar que bateu na minha cara foi tão frio?
(“há perguntas que não merece respostas, apenas sentirmos”)
Sentir-me frio? Jamais!

Ops! Agora foi a língua que queimou,
Com a água quente que aquece apenas
A garganta e nao mais o coração.