sexta-feira, 11 de junho de 2010

Que tristeza é essa?

de Cecílio Purcino

Que tristeza é essa no meu coração que não para?
Não é a falta dos teus olhos a entrar em mim
Com tua chegada ao recinto,
Nem a falta de suas mãos factícias
A entrelaçarem às minhas,
E nem de tua boca a ditar os meus deveres do dia.
É o teu desejo íntimo, que é diferente do meu e
Que nos afasta pouco a pouco.

Que tristeza é essa no meu coração que não para?
Não é a falta dos teus lábios em minha boca,
Nem de teus braços em meu corpo e
Nem de tua língua em meu pescoço.
É a vida, que escolheu as pessoas a quem devo amar.

Que tristeza é essa no meu coração que não para?
Não é a falta de teu sussurro no pé do ouvido,
Nem de teu humor que me compraz ao fim do dia
E nem de teus dedos que não me transformam em harpa e lira.
É a razão, que sempre me segura para não me perder
Diante de ti.

Que tristeza é essa no meu coração que não para?
Não é a falta da sua presença que acontece por vezes ou outras,
Nem dos encontros rápidos e repentinos e
Nem de suas dúvidas que me ensinam
A falar de coisas que só outros sabem lá fora.
É porque ouvi hoje você listar seus amores
E o meu nome não estava entre eles.

Que tristeza é essa no meu coração que não para?
Não é a falta dos cabelos que não tenho,
Nem de teu belo corpo intocável,
Nem de teus belos olhos a me olharem de
Mancinho pelo reflexo do espelho e
Nem de teu sorriso a me pedir conselhos.
É o medo, de queimar essa linha
Que nos une e que nos molda.

Que tristeza é essa no meu coração que não para?Ah! Que tristeza é essa?
Não é a falta das tuas brincadeiras durante o dia,
Nem do gelo que tu me dá para por em águas quentes e
Nem da despedida com teu adeus no fim de
Uma longa tarde de exercícios.
É a dor, da vontade de saber
Se ao menos sequer te terei por um dia.

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